Discente: Edinete M. Carvalho
Os
Primórdios da Auto- Expressão: A Fase das Garatujas, de 2 a 4 anos é um período
dos primeiros anos de vida, que são, provavelmente, os mais decisivos no
desenvolvimento da criança. Durante esse período inicial, ela começa a
estabelecer padrões de aprendizagem, atitudes e um sentido de si mesma como
ser, tudo o que irá ter reflexos em sua vida inteira.
Embora
a criança se exprima vocalmente muito cedo, seu primeiro registro permanente assume,
com frequência, a forma de garatuja, por volta dos dezoito meses de idade. Esse
primeiro rabisco é um importante passo no seu desenvolvimento, pois é o início
da expressão que a conduzirá não só ao desenho e à pintura, mas também à
palavra escrita. A forma como essas primeiras garatujas forem recebidas pode
ter enorme importância em seu contínuo crescimento, apesar deque ele está no 1º
período - Garatuja: fase em que a criança ainda não estabeleceu a função da
escrita. Ela se representa através de riscos e rabiscos.
A criança aqui mencionada ingressou este ano
na escola e sua fala ainda é pouco compreendida. Está fazendo acompanhamento
com um fonoaudiólogo. É uma criança que gosta de desenhar, sempre está com
papel e lápis rabiscando desenhos. Mesmo assim me arrisquei e pedi para que
fizesse a letra A. Ele, com muita propriedade, desenhou um gato e disse: miau,
miau. Percebe-se que é através dos seus desenhos (garatujas) que ele estabelece
e demonstra atitudes e autoafirmação, pois desenha o que sente vontade. Ao
pedir para ele desenhar a mamãe, ele disse: “Nam não... vovô.” E assim foi com todos os desenhos: pedi para
desenhar papai, e ele desenhou uma bola; e disse-me: “ô, ô a bola”. E assim foi fazendo com os demais desenhos, de forma
livre; alguns pequenos, outros grandes, não obedecendo linhas nem espaço do
papel.
Pude perceber que uma criança nesta fase de
desenvolvimento motor, não pode copiar um círculo, embora algumas sejam capazes
de copiar uma linha. Com efeito, as garatujas não são tentativas de retratar o
meio visual infantil. Em grande parte, os próprios rabiscos baseiam-se no
desenvolvimento físico e psicológico da criança, não em alguma tentativa de
representação. Foi perceptível também a forma prazerosa pela qual ele
garatujava. Fazia festa após cada desenho feito, batia palmas e pulava. A mãe
da criança mostrou-se bastante atenta para é constante ele garatujar em uma
parede da sua casa.
Além
de ficar atento ao desenho das crianças, é papel do professor criar um ambiente
em que o desenho possa ser cultivado (Dois exemplos de atividades: Desenho na
sombra e Criação com desafio). Quando possível, oferecer diversidade de
materiais e suportes colabora para ampliar o repertório e estimula a viagem
criativa da meninada. "A força que faz inventar os modos de desenhar, de
jogar com a percepção, de brincar com linhas, formas e cores tem de ser
potencializada pelo educador. Abrir esse espaço é mais do que simplesmente
deixar fazer", acrescenta Miriam. É preciso instigar a competência
simbólica, provocar o aluno a ir além e não apenas ensinar a ele regras
práticas da figuração. Com isso, foge-se do controle rígido da representação, que
faz os pequenos reproduzir de forma sistemática os modelos estereotipados.
Para
Emília Ferreiro o processo cognitivo de construção de toda criança passa por
níveis estruturais da linguagem escrita até que se aproprie da complexidade do
sistema alfabético, no estágio de Filipe é o pré-silábico. "A invenção da escrita foi um processo histórico de construção
de um sistema de representação, não um processo de codificação." (Emília
Ferreiro)
Assim,
a Psicogênese da Língua Escrita é uma abordagem psicológica de como a criança
se apropria da língua escrita e não um método de ensino. Portanto, cabe aos
profissionais da educação, fazer a transposição desta abordagem para a sala de
aula, transformando os estudos em atividades pedagógicas.
REFERÊNCIAS:
LOWENFELD, Viktor - BRITTAIN. W. Lambert. Desenvolvimento
da Capacidade Criadora. Editora Mestre Jou. São Paulo.
MENDONÇA,
Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa de. Psicogênese da Língua Escrita:
contribuições, equívocos e consequências para a alfabetização. In: UNESP.
Caderno de formação: Formação de professores: Bloco 02: Didática dos conteúdos.
São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. v. 2. p. 36-57. (D16 - Conteúdo e Didática
de Alfabetização).
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